26 Abr Ansiedade: conhecer e mudar
A ansiedade é uma emoção normal e adaptativa que ajuda as pessoas a lidarem com as dificuldades, bem como com situações desafiantes ou perigosas. Contudo, quando em excesso torna-se um problema interferindo no dia a dia e impossibilitando a pessoa de desfrutar a sua vida livremente. Afeta as relações familiares, sociais e o trabalho, e nas crianças pode ter um impacto significativo no funcionamento académico.
Quando menosprezadas na infância, as perturbações de ansiedade persistem na vida adulta, aumen- tando a probabilidade de se desenvolver outro tipo de patologias. Estima-se que entre 11 a 22 por cento da população mundial sofrerá de uma perturbação da ansiedade a certa altura da vida, o que significa mais de 1 em cada 5 pessoas. Trata-se de uma problemática que requer atenção dos clínicos, pois há estudos que comprovam que crianças com perturbações ansiosas possuem um maior risco de vir a desenvolver comportamentos de risco como o consumo de álcool na adolescência.
As causas da ansiedade não são totalmente conhecidas, mas é provável que seja a mistura de um conjunto de fatores, relacionados com os acontecimentos de vida stressantes, traços de personalidade e características biológicas e hereditárias. Vários autores referem que a ansiedade pode ser percebida como “um estado mais duradouro de ameaça ou apreensão que envolve medo mas também a crença de que certas coisas ou situações são incontroláveis ”. É um estado emocional desagradável de apreensão ou tensão, acompanhado por sintomas de ativação fisiológica, como, por exemplo, palpitações, tonturas, suores, sensações de calor/ frio ou tremores, desencadeados por uma ameaça real ou antecipada.
A ansiedade pode ser vista como um exagero da perceção do estímulo ou situação ameaçadora. A pessoa faz uma interpretação catastrófica de situações normais e responde em função da ameaça sentida. Isto dispara o sistema respiratório e cardiovascular, uma reação normal do organismo para ajudar na fuga. Também pode surgir imobilidade ou defesa agressiva.
A ansiedade é uma vivência em contínuo modo de ameaça e pode ser sentida de várias formas:
1. através dos pensamentos: os nossos pensamentos podem estar viciados, vendo perigo em situações que não representam ameaças;
2. através das emoções: envolvem sentimentos como medo, nervosismo ou apreensão e ainda a frustração, quando a ansiedade nos impede de fazer algo, ou a tristeza e desânimo quando esta se torna constante;
3. através das reações físicas: estas envolvem o ritmo cardíaco mais acelerado, aperto no peito e respiração superficial, músculos tensos, tonturas ou agitação, suor e cansaço;
4. através do comportamento: inclui evitar situações com potencial para desencadear ansiedade, procurar a perfeição ou ser-se demasiadamente controlador em relação a si e aos outros.
Quando alguém sofre de ansiedade pode sentir:
- preocupação persistente, excessiva ou irrealista (perturbação de ansiedade generalizada)
- obsessões e compulsões que não consegue controlar (perturbação obsessivo-compulsiva)
- preocupação muito intensa e excessiva em relação a situações sociais (fobia social)
- medo dos sintomas físicos da ansiedade (perturbação de pânico)
- medo irracional e intenso de certas situações ou objetos (fobias)
Avaliação e Tratamento
O modelo ASEBA, de achenbach é atualmente um dos procedimentos de avaliação mais usada, quer na clínica, quer na investigação em psicologia. Este modelo filia-se numa tradição psicomé- trica, procurando definir os sindromas clínicos de forma empírica e dimensional. Achenbach (1991; Achenbach & McConaughy, 1997) sugere um processo de avaliação ao longo de 5 eixos: (1) rela- to dos pais, (2) relato do professores, (3) avaliação cognitiva, (4) avaliação médica e (5) avaliação da própria criança. A grande vantagem da aplicação deste instrumento é a possibilidade que confere de recolha de informação (competências e problemas de comportamentos) de modo rápido (15 a 20 minutos) e contendo um amplo espectro de problemas comportamemtais, possibilitando assim que sejam despistadas outras áreas disfuncionais para além das queixas centrais apresentadas.
A intervenção cognitivo-comportamental é o tratamento de excelência nos casos de ansiedade, abrangendo desde a identicação dos pensamentos automáticos e das emoções, à reestruturação cognitiva e a resolução de problemas. Partindo do modelo de Barlow, pode-se considerar que os objectivos do tratamento são: (1) modificar o comportamento, (2) aumentar a percepção de controlo e (3) deslocar a atenção das pistas sensoriais internas (Barrios & O’Dell, 1998).
Como a terapia poderá ajudar?
Identificando formas negativas de pensar e ajudando a pessoa a encontrar alternativas, descobrindo a relação entre aquilo que pensam, como se sentem e aquilo que fazem/comportamentos, • procurando provas que sustentem, ou não, os seus pensamentos, desenvolvendo novas competências para lidar com a ansiedade.
O que é que eu devo fazer?
- Aceitar a ansiedade
- Substituir o pensamento negativo por um mais positivo ou agradável
- Praticar a respiração lenta
- Fazer exercício físico
- Valorize as suas competências
O que é que não devo fazer?
- Isolar-se: além de ficar sem apoio, o facto de estar sozinho faz com que seja especialmente difícil ver as coisas numa perspectiva diferente. Estar com outras pessoas permite ficar a par de pontos de vista à partida menos negativos do que o seu.
- Consumir álcool ou outras substâncias para lidar com a ansiedade: pode acarretar uma sensação de diminuição de stress momentânea, mas que irá trazer problemas sérios.
- Comer em demasia ou vingar-se nas guloseimas: há vários estudos que relacionam a ansiedade com o aumento de peso e com uma alimentação errada.
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